Os caminhos da saúde coletiva e dos direitos humanos são, por natureza, construções coletivas. São percursos marcados por encontros, embates e resistências, nos quais a diversidade e a inclusão se afirmam como princípios fundamentais para a defesa da vida e da dignidade. Este livro, Vidas e caminhos em direitos humanos e saúde, nasce desse compromisso: reunir reflexões e experiências que ampliam o debate sobre a saúde como direito humano e sobre a necessidade de enfrentar desigualdades estruturais. Vivemos um contexto político e social em que a produção do conhecimento não é apenas um exercício acadêmico, mas uma ação estratégica. Os discursos e as práticas excludentes exigem respostas firmes, baseadas na ciência e no compromisso ético com a justiça social. A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca tem, historicamente, ocupado esse lugar, articulando pesquisa, formação, assistência e atuação política para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Os capítulos que compõem esta obra são expressões desta missão. São análises e narrativas que percorrem diferentes dimensões da luta por direitos: o combate ao racismo e à violência, a inclusão de pessoas com deficiência no SUS, a atenção às urgências hospitalares, os desafios da saúde de populações trans, as idiossincrasias da comunidade surda, o impacto de crises sanitárias na vida das mulheres e os desafios da governança de dados. Cada texto é um testemunho da urgência de avançarmos na construção de políticas públicas que reconheçam e respeitem as diferenças.
A diversidade dos temas reflete a complexidade da realidade brasileira e reafirma a necessidade de um SUS que não apenas acolha, mas que ativamente combata as desigualdades em saúde. Para isso, é preciso compreender que a
10 garantia dos direitos humanos não se dá somente na formulação de leis e políticas, mas na efetivação cotidiana desses direitos nos serviços de saúde, nos espaços de educação, nos territórios e nas relações sociais. A todas as pessoas que construíram este livro, meu reconhecimento e agradecimento. Que essa obra sirva como ferramenta de reflexão e ação. Que fortaleça o compromisso de todas as pessoas que atuam na academia, na gestão, na assistência, dos alunos e movimentos sociais com um projeto de sociedade mais justa e democrática. E que, acima de tudo, nos lembre que o melhor do caminho
é caminhar juntos, sem deixar ninguém para trás.