É natural que um livro sobre terapêutica do idoso seja imediatamente relacionado com as doenças que, muito freqüentemente, acometem essa faixa etária. Embora verídica, esta é apenas uma pequena parte da verdade.
Os estudos gerontológicos têm demonstrado exaustivamente que o número de multimorbidades aumenta com a idade e que o seu diagnóstico e tratamentos adequados são fundamentais para a manutenção do estado funcional de quem envelhece.
Isso significa que a correta abordagem das enfermidades, relevando suas potenciais complicações e, principalmente, dando-lhes a devida importância quanto à terapêutica, é fundamental para ampliar o espectro dos benefícios e minimizar os riscos das intervenções.
Quanto mais idoso e maior o número de doenças coexistentes, associação infelizmente muito freqüente, maior o risco de qualquer procedimento, por melhor que seja indicado. Isso significa que cabe ao profissional responsável pela conduta o dever de escolher qual e quando deverá ser utilizada em cada situação. A opção pelo “quanto mais, melhor” entre os idosos é freqüentemente acompanhada de prejuízos, por vezes irreversíveis.
Uma das principais características da atitude geriátrica é a otimização do arsenal terapêutico utilizado, mormente nos casos mais complexos, tornando-o tão simples e objetivo quanto possível. Assim, é possível reduzir o risco das complicações iatrogênicas.
Tenho a certeza de que este manual Terapêutica do Idoso será um grande aliado para este fim. Não foi dimensionado para esgotar os assuntos, visto ser uma meta inatingível na prática. Por outro lado, quem consultou o seu precursor, editado em 2003, verificará a enorme evolução nestes cinco anos. Além de terem sido acrescidos novos temas, por sugestão dos próprios leitores, todos os capítulos foram atualizados e contextualizados para que possam traduzir a essência do pensamento geriátrico que, a meu ver, deve nortear toda a intervenção realizada em idosos.