Ricardo Lugris cometeu duas façanhas em pouco tempo: percorreu de moto mais de 35 mil quilômetros e depois conseguiu escrever sobre o que viveu. Aventureiros geralmente ficam pela metade. Tiram o máximo proveito do que viveram, o que já basta, mas raramente conseguem compartilhar a experiência em relatos escritos. Lugris é do time dos narradores de fôlego, que refletem sobre a epopeia em nível comparável ao dos grandes contadores de viagens únicas. Tempo em Equilíbrio é uma reflexão sobre o impulso que leva alguém, depois de se despedir de um prestigioso emprego de 32 anos, a pegar a estrada e enfrentar todas as consequências da sua decisão diante dos espantos provocados por gente estranha, belíssimas paisagens, imprevistos, sustos e encantamentos. Lugris e sua BMW 1200 GS Adventure viajaram 35 mil quilômetros entre a França, onde mora, e Singapura, sempre sob o comando de um questionamento que ele apresenta logo no início do livro, inspirado numa indagação do escritor gaúcho Erico Verissimo: viajamos para buscar ou para fugir? O relato mostra que viajar pode ser também um desejo secreto de poder contar depois o que foi visto e vivido em fugas e procuras. O texto de Lugris, com detalhes sobre contemplações, de incidentes e até da manutenção da própria moto, leva aos questionamentos clássicos dos aventureiros. O primeiro é o que trata da vitória sobre a mais ameaçadora das indecisões, quando “o maior risco é de não conseguir partir”, como diz na apresentação, citando Amyr Klink. E o segundo é o próprio questionamento do tempo nessa longa reflexão ao longo de remotas paisagens. Mesmo que não tenha sido sua primeira longa viagem (antes, já havia percorrido quase uma centena de países), esta é a que merece um relato esmiuçado, do começo ao fim. A viagem contada no livro tem a particularidade de ter sido a maior em distância e em duração de tempo, e aconteceu em um importante momento de reflexão da sua vida. Lugris afirma: “Estou cabalmente convencido de que, após percorrer os quilômetros iniciais desta longa viagem, já não mais serei o mesmo homem, assim como esse homem hoje deixou de ser aquele menino sonhador do Sul do Brasil”. Ricardo Lugris se descreve como o executivo que, em algum momento, é desafiado pela sua porção de “vagabundo, errante, andarilho”, que enfrentou desertos e a solidão da mítica rota Transiberiana. Desfrutou da simpatia e da solidariedade de povos que não imaginava conhecer (no Cazaquistão, na Rússia, na Mongólia, no Japão, no Camboja e em mais de uma dúzia de países). Fez amizades com outros motociclistas ao longo da viagem e retornou disposto a contar o que viu.
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Autor |
Ricardo Lugris |
Editora |
EDITORA EUROPA |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
332 |
Ano de edição |
2022 |
Número de edição |
1 |