Vinicius de Moraes (1913-80), reconhecido como grande poeta e músico, tinha um projeto mais abrangente de criação. Inspirado na tradição dos poetas clássicos, que consideravam poesia qualquer manifestação que se servisse da palavra, Vinicius investiu parte considerável de seu talento no teatro. O primeiro Vinicius - na poesia ou no teatro - é um autor tomado pelos dilemas de natureza metafísica e transcendental. Cordélia e o Peregrino, sua estréia no teatro em versos, é contemporânea das Cinco elegias, embora só tenha sido publicada vinte anos depois. É um relato do poeta lutando contra a contingência humana cuja mesquinharia o atormenta. Cordélia, a mulher idealizada, serve-lhe de guia para a travessia de um mundo impalpável para outro, mais perto do chão, repleto de paixões e misérias.Orfeu da Conceição, encenada em 1956, impressionou público e crítica pela intensidade lírica que aportava ao universo dos negros de um morro carioca. Inspirada no mito grego do cantor que perde a sua musa e cala de dor, revelava as canções de Tom Jobim e Vinicius, inaugurando uma parceria que alterou o rumo da música popular brasileira. O teatro de Vinicius evolui naturalmente para o drama melancólico, afeito a uma visão pessimista do humano. Procura-se uma rosa, baseada numa vaga notícia de jornal - peça de três autores em três atos independentes, um deles escrito por Vinicius -, parte da premissa de que a poesia está em todos os lugares, até numa delegacia de polícia, e ao verdadeiro poeta cabe extraí-la da ganga bruta do cotidiano.Em seguida, e em correspondência a uma transformação interior, Vinicius engaja-se num teatro de denúncia. Imagina dramas históricos, que apenas esboça, ou de forte apelo social. Nesse gênero inscreve-se As feras, tragédia hiper-realista que narra, com o rigor de um cientista, a desgraça que se abate sobre uma família de nordestinos obrigada a migrar para o Rio de Janeiro.Finalmente dedica-se às comédias musicadas, que aproveitam seu talento de letrista e compositor. Não conclui nenhuma, mas deixa bem adiantada Pobre menina rica, cuja reconstituição o leitor encontrará neste volume.Percorrendo gêneros tão diversos, Vinicius tentou fixar uma trajetória de autor teatral, prejudicada por uma acidentada e imprevisível vida de artista, que o impediu de investigar, em profundidade, suas reais habilidades de autor dramático.Prêmio Jabuti 1992 de Melhor Produção Editorial de Obra em Coleção
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Autor |
Vinicius de Moraes |
Editora |
COMPANHIA DAS LETRAS |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
272 |
Ano de edição |
1995 |
Número de edição |
1 |