• SER CRIANÇA E A SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA

A criança inventa mundos. Suas formas de compreender, pensar, habitar e existir concretamente nos interessa, bem como os processos de transformação que consigo carregam e nos trazem a vontade de também inventar, saber, conhecer, fazer e refazer. Os atravessamentos que marcam suas infâncias, em qualquer tempo e espaço, dizem respeito às nossas próprias criações – e destruições – como pessoas humanas. Nas páginas deste livro - Ser Criança e a Sociologia da Infância - não há o mundo, mas os vários mundos e seus possíveis, de escuta presente, sentidos atentos, pensamentos em movimento, elos, afetos e mãos dadas com as crianças em seu exercício de infanciar. Encontraremos em suas páginas, dentre tantas outras, meninices indígenas, negras, judias, em devir-monstra, repetentes, brincantes, bebês, em deslocamentos, guerras. Há também expressões travessas, silentes, indignadas, risonhas, gritantes, vivas, adoentadas, quase esquecidas, mortas. Em tempos de urgência planetária, caos climático, ameaças à ética e política compreendidas como democráticas, estudos da Sociologia da Infância, cada vez mais amplos, provocativos e consolidados, convidam a pensamentos outros em que as crianças, “jamais sucumbem ao apocalíptico” e insistem em renunciar “derrota, sombras, tristeza, assujeitamento e fim dos tempos”. Sigamos com elas. Maria Walburga dos Santos (UFSCar/Sorocaba) Aba 1 Anete Abramowicz, em companhia de Claudiana Baré, Ione Jovino, Muna Muhammad Odhé, Sonia Kramer, Tatiane Cosentino Rodrigues, T. Angel, Verónique Francis e mais todas as suas referências, memórias, relatos e reflexões, convidam para estar com as crianças e infanciar. Em Ser Criança e a Sociologia da Infância – com vários mundos possíveis – há assombros e encantamentos, questionando o adultocentrismo e as perspicácias que invisibilizam a vida das crianças, seus sonhos, pensamentos, escolhas e potência: “a criança palestina e a criança judia. A criança negra e indígena. A criança indiana e negra, a criança parda e a criança monstra, são muitos jeitos e formas de ser e viver as infâncias”. O que temos, em tempos de guerra, tarifaços, urgência e transição planetária, desigualdades e tantas mazelas, é a vontade irrefreável de continuar como humanidade: atentar às infâncias e suas especificidades, como nos é apresentado por essa obra “anuncia uma multiplicidade de trajetórias e modos de vida possíveis, para além de modelos fixos e predeterminados.” A obra é um encontro de perspectivas, escritas, memórias, estudos e afetos. Um bom encontro. Aba 2 O livro Ser Criança e a Sociologia da Infância é um convite aberto a apreciar a vida das crianças sem a costumeira intervenção adulta ou didatismo com o qual há o hábito de se tratar as infâncias e as experiências infantis. Flores como dálias, em processo de inflorescência, são coloridas, divertidas, inesperadas, seja na primavera ou qualquer estação. De forma aligeirada, nossa percepção capta apenas a imagem de uma flor, quando temos em cada uma delas, a composição de muitas outras flores, arranjadas junto ao centro, que formam a dália que visualizamos de imediato, mas é preciso reconhecer as “pequenas flores” que a compõem, em suas diferenças e singularidades. A imagem dessa flor ajuda a compreender a densidade dessa obra: cada capítulo é único, com sua especificidade e tema, mas o conjunto potencializa o encontro, a amizade, constituindo-se em parceria, como “uma festa que foi realizada por meio da amizade, um jeito de fazer coisas juntas, um dispositivo grupal. Pois a amizade é uma relação ética e política, pode vir a ser uma reinvenção subjetiva e não parental”. Essa obra nos acena como um bom encontro, que se quisermos, podemos fazer parte.

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Autor Anete ABRAMOWICZ
Editora CRV
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 184
Ano de edição 2025
Número de edição 1

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