Das grandes virtudes intelectuais do Cardeal Lépicier, sem sombra de dúvidas a maior é: devolver o tomismo para o mundo real, de onde ele saiu. O tomismo é a filosofia da existência, do Ser – contra toda a demência possível. Aqui o Cardeal nos apresenta o que são os Anjos, como conhecem, como agem; mostra-nos que coisa é o homem, como conhece, como age. Saindo das premissas tomistas adequadas, aí então desce para o sótão do espiritismo a fim de dar-lhe uma interpretação correta. Faz-nos ver os experimentos espíritas (quando não fraudulentos) em sua mais crua realidade: colóquio entre os demônios e os vivos. Uma tão impopular conclusão só poderia ter sido tirada depois de um profundo exame das possibilidades dos dois mundos: o humano e o angélico – o que faz com aquela luminosidade que só a filosofia aristotélico-tomista pode ter. Ninguém sai impune deste livro. O espiritismo está definitivamente liquidado: onde o Cardeal meteu o dedo, não vai nascer grama mais. E o tomismo recobra o seu esplendor.