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A região de Canaã (hoje Israel, Jordânia, Líbano e Síria) foi tomada por muitos impérios antigos: o hitita (c. 1600-1180 a.C.), o egípcio (c. 1550-1069 a.C.), o assírio (c. 1200-612 a.C.), o neo-babilônico (c. 626-539 a.C.) e o persa (c. 550-330 a.C.), o macedônico (c. 336-323 a.C.), o romano (63 a.C.-476 d.C.) e o bizantino (476-1453).



No começo da era do Ferro (c. 1200 a.C.), os cananeus formavam uma grande civilização de cidades-estado que, como a grega e a indiana da época, não tinha reino unificado, mas praticava uma religião comum, influenciada por deuses do Egito e da Mesopotâmia. Segundo a Bíblia, viviam em “uma terra que jorra leite e mel”, até serem vencidos pelos primeiros israelitas e se dispersarem. Hoje se sabe que deixaram uma pequena herança genética entre árabes e judeus.



Ainda segundo a Bíblia, os cananeus foram expulsos à época de Josué, sob orientação divina, após o Êxodo. Mas estudos linguísticos descrevem os dialetos israelita e judaíta como próximos ao fenício, ao moabita e ao edomita (haveria uma rama “cananita central” de israelita e fenício separada de um “cananita periférico” de judaíta, amonita, moabita e edomita). De qualquer forma, o livro Números mostra que o paganismo dos cananeus influenciou o povo judeu.



A Bíblia descreve a Casa de Davi e sua dinastia como um primeiro reino organizado na região Sul. Na Mesopotâmia já havia cidades-estado mais importantes como Ur, que aparece no Gênesis, cada uma com sua própria deidade (a de Ur era Nana, divindade lunar suméria). Nos séculos X e IX a.C., Jerusalém era apenas uma das quatro maiores cidades da região, e não mandava nas outras. Judá só se tornou importante nos séculos IX-VIII a.C., antes de cair em mãos assírias.



Com o império assírio (c. 722 a.C.), os reis tornaram Judá um estado submisso e dono do comércio de azeite, como a época dos egípcios. Jerusalém aumentou sua população e se impôs às outras cidades. Muitos refugiados levaram para lá a ideia de Javé único, que se tornou ideologia de estado por pelo menos dois reinos. Mas o culto não era só monoteísta: Javé era apenas reconhecido como o maior dos deuses.

Com a queda dos assírios (c. 610 a.C.), tentou-se a independência, mas Jerusalém foi destruída pelo novo império, o neo-babilônico. A tomada de Judá (586 a.C.) levou a corte ao exílio, onde sacerdotes e escribas desenvolveram a primeira ideia de Javé como único deus do mundo.



No começo do período persa (538 a.C.), os judeus exilados voltaram mais coesos, passando a controlar a nova província persa e aumentando ainda mais sua tendência ao monoteísmo. Judá passou a se chamar Iehud, e no império macedônico foi absorvida pelos reinos gregos.



Em 167 a.C., os judeus se rebelaram e criaram o reino da Judeia, primeiro um estado-vassalo de Roma e depois se tornando independente. Nesse processo, os profetas judaicos aumentaram a crença em seu Deus único, ensinando o decálogo e as principais revelações ao povo.



O monoteísmo vem de Abraão, o primeiro patriarca bíblico. Na origem do judaísmo estariam as histórias dos reinos de Judá e de Israel, ambas cultuando Javé como Deus de seus reinos.



O monoteísmo teve antecedentes no Egito (no século XIV a.C. o faraó Akhenaton impôs o culto ao deus Aton), na Pérsia (em c. 1100 a.C. o zoroastrismo via Áura-Masda como deus supremo e transcendental, em meio à concepção dualista de Bem contra Mal, que chegaria a outras religiões como, depois, o cristianismo), na Índia (em 1000 a.C., o livro X do Rig Veda reduzia tudo o que existe a um único princípio, condicionador de todos os seres) e na Assíria (no século VIII a.C. pregava-se o domínio universal do deus Ashur, ao que reagiram alguns grupos israelitas, enfatizando o poder único de Javé).



O cristianismo surgiu de dentro do judaísmo, ao longo do século I d.C., com a história a que se dedica este estudo. Veio de uma pequena seita formada pelos discípulos de Jesus, que seria o Messias prometido de Israel. Ela recebeu adesão ampla da Judeia a Roma e logo se tornou religião, enquanto a maioria dos judeus não aceitava Jesus como Messias, esperando a sua vinda.



As religiões cristãs se baseiam na Bíblia (nome dado ao conjunto de escrituras consideradas sagradas ao longo do tempo pelo povo judeu – o plural de biblíon, que em grego quer dizer “livro”), em especial o Novo Testamento, que começa pela história de Cristo e traz seus ensinamentos.



As Bíblias católica e evangélica descendem da judaica, inicialmente composta em hebraico (à exceção de alguns poucos trechos em aramaico) e depois em grego. A Tanakh, de 613 mandamentos, ensina a praticar justiça, caridade e responsabilidade social, e é até hoje um guia para os judeus.



De seus 24 livros (divididos em Torá, Neviim e Ketuvim) derivam o Antigo Testamento da Bíblia católica (46 livros) e o da evangélica (39), ambas tendo 27 livros no Novo Testamento. Assim, a Bíblia cristã, de Jó (o livro mais antigo, de c. 1500 a.C.) ao Apocalipse (o mais recente, de 90 d.C.), foi escrita em cerca de 1.600 anos.



Não é, portanto, um só livro, mas o conjunto deles, e sua complexidade de composição nunca foi totalmente desvendada. Os mais antigos vieram de canções e histórias da tradição oral passada de geração em geração, como o Mahabharata e a Odisseia. Ou seja, são textos elaborados e memorizados por muitas pessoas, quase todas desconhecidas e praticantes de diferentes culturas.



Os cristãos são hoje 28% dos seres humanos (2,3 em 8,2 bilhões). Este estudo aproxima as narrativas dos quatro Evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João, fonte de inspiração de toda a cristandade) e faz citação a alguns apócrifos (textos atribuídos a Tiago, Tomé, Pedro, Filipe, Maria Madalena, Pilatos, Nicodemos, José de Arimateia e Marcos).



Filipe Moreau — Editor, músico e poeta, dono da Laranja Original.

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Autor Filipe Moreau
Editora LARANJA ORIGINAL
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 0
Ano de edição 2025
Número de edição 1

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