O autor de A missão de Ibiapaba, ao mesmo tempo narrador e principal actor dos acasos da evangelização numa região da América, então quase inacessível, sob jurisdição do rei de Portugal, é não apenas um missionário empenhado da Companhia de Jesus, mas um orador de excepção, uma personalidade política de primeiro plano e o mais ilustre dos escritores portugueses do seu tempo. Falo, naturalmente, de António Vieira. Ainda hoje somos sensíveis ao encantamento e ao poder da sua escrita, num texto de circunstância, desprovido de qualquer pretensão literária, contrariamente aos sermões que lhe deram reputação como pregador, em especial os que pronunciou na corte, em Lisboa, ou em Roma, perante o Papa. O interesse deste relato ultrapassa quer o quadro do testemunho histórico de um episódio, no fim de contas banal, do processo de colonização-evangelização (à época, realidades indissociáveis), quer do estatuto anacronicamente literário que lhe poderíamos facilmente reconhecer. Na verdade, o relatório da missão de Ibiapaba vale menos por aquilo que descreve ou mesmo pelo seu estilo bem moderno - marcado por uma ausência de afectação a que não são alheios uma grande lucidez e mesmo a ironia ou o humor - do que pelo tipo de olhar que António Vieira lança sobre a «questão índia».
(Do Prefácio)
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Autor |
Pe. António Vieira |
Editora |
ALMEDINA |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
223 |
Ano de edição |
2006 |
Número de edição |
1 |