Uma análise da trajetória das mulheres no sistema carcerário que oferece um cenário sombrio, que se abre diante de nós como uma vertigem. Elas são personagens de um mesmo enredo, que se desdobra em múltiplas direções, mas que reitera um só roteiro obsessivamente replicado: a violência. São vítimas, depois se tornam agressoras, voltam a ser vítimas, ensaiam agressões, e não escapam ao eterno retorno da mesma trama insidiosa. Por isto, o verdadeiro protagonista da trama é o drama da violência com sua lógica aprisionante e castradora. Da violência se passa à violência, e as instituições públicas _ polícia e sistema penitenciário, atuam como mediadores que reproduzem a dinâmica perversa. Assim, as cenas se sucedem: do pai ao marido, do policial ao agente penitenciário, a gramática da dor e da humilhação segue sua trilha, fiel a severa disciplina. Algumas mulheres aprendem essa língua, incorporam essa linguagem e adotam práticas análogas às que aprenderam.