Quem deita à sombra dos versos de Clécia Santos, espera o pôr do sol com alegria, pois em suas palavras cabem exatamente beleza, profundidade e imensidão. Ela possui uma necessidade nobre de versejar de tal modo que penetra as entranhas, que faz desmoronar as ruínas, para que, por fim, a chuva cesse e a calmaria se estabeleça.

Que é a vida senão o seu reflexo na arte? Que seria deste livro se não a levasse toda, inteira? Que seriam das palavras se definhassem antes de ferir o papel e, descoradas, morressem todas à boca que silencia? Que nunca haja tal silêncio, que cada palavra desça como os rios mansamente à noite sob o clarão da lua que prateia o mar. E nos traga a beatitude de ter em mãos a doçura de um pouso de borboletas, as mesmas que podem presentear a nossa alma com a plena contemplação daquilo que chamamos de viver com leveza, sabedoria e arte.