O que se percebe pela leitura desses poemas é a fina sensibilidade de Marlene, não apenas diante dos diferentes fatos da sociedade... mas igualmente na reflexão sobre os mistérios da vida. Marlene revela estar plenamente sintonizada com essa alta dimensão da poesia — situada no mesmo patamar da filosofia, que penetra no âmago do ser humano... E no poema Poeta, não hesita em afirmar: “A beleza de dialogar com um poeta/É que só ele consegue explorar uma palavra bruta/E esculpir com ela poesias sem nenhuma luta...”. Quem fizer a leitura integral deste livro de Marlene — o que recomendo, sem a menor sombra de dúvida, a todos aqueles que sentem a necessidade de afastar a superficialidade cosmética que grassa entre nós — verá que ela apresenta, corajosamente, sua visão de mundo, conforme preconizado por T. S. Eliot... Essa visão de mundo pode ser observada em vários de seus poemas. Destaco o quanto é necessário “explorar cada ninho/Que aparecer/Segurar o choro quando anoitecer/E aprender a viver sozinho”. Uma ótima reflexão, sem dúvida, para iluminar os caminhos diante da decadência espiritual do nosso tempo.