As reflexões presentes no livro “Pedagogia Surda: cultura, diferença e construção de identidades” baseiam-se no princípio de que, por meio do trabalho pedagógico de professoras surdas e professores surdos, os processos educacionais são mais eficazes, ao valorizarem a cultura surda, numa relação direta entre pessoa surda-pessoa surda. Ancorado no campo dos Estudos Culturais, dos Estudos Surdos e em uma incursão empírica, o autor, Lucas Romário, defende o argumento de que diante da realidade da maioria das crianças surdas que não possui contato com a cultura surda por conviver praticamente apenas com ouvintes, o ideal é que elas mergulhem nessa cultura desde a mais tenra idade, sendo a relação com professoras surdas e professores surdos uma via possível e necessária. Nesse sentido, a luta pela viabilização da Pedagogia Surda – pedagogia que tem a diferença surda e o trabalho pedagógico de professoras surdas e professores surdos como sustentáculos dos processos educacionais – é uma forma de buscar a valorização e o respeito à cultura surda no espaço escolar. O autor afirma que a Pedagogia Surda transcende o aspecto comunicacional, permitindo a existência de outras trocas culturais entre pares surdos. Professoras surdas e professores surdos podem, assim, ser referência positiva para as crianças surdas, como pessoas que possuem uma vida produtiva, favorecendo a construção de suas identidades de forma mais robusta, por estar baseada na cultura surda.