Todas as vezes que surge uma personagem negra estereotipada como essa nos programas de entretenimento aos domingos, a segunda-feira das crianças e adolescentes negros na escola será um filme de terror que se estenderá por semanas, meses e anos, a depender da duração da personagem na tevê. E os familiares dessas crianças perderão horas, dias, semanas e meses preciosos de educação, lazer e fruição ensinando-as a reagir, a não sucumbir, a manter a cabeça erguida, a preservar o amor próprio diante de tanta violência direcionada e objetiva.
Os exemplos racistas da televisão também inspirarão situações de discriminação racial na escola, minimizadas por professoras e professores cansados e despreparados, para dizer o mínimo. As crianças e adolescentes
negros que não tiverem tido as lições de sobrevivência do amor-próprio
ministradas em casa se sentirão sozinhos, desprotegidos e injustiçados.
Um dia perderão a paciência e poderão chegar às vias de fato com colegas
racistas, como último recurso de autodefesa. Então serão taxados de violentos, serão estigmatizados na escola, perderão o estímulo para permanecer naquele ambiente, evadirão com facilidade e a redução da maioridade penal será apontada como solução para retirá-los mais cedo do convívio social e puni-los por terem reagido, da maneira que lhes foi possível, à opressão racial.
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Autor |
Cidinha da Silva |
Editora |
PÓLEN LIVROS |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
192 |
Ano de edição |
2019 |
Número de edição |
1 |