Henri Bergson (1859-1941) publica O Riso em maio de 1900. O filósofo francês analisa o riso sob três aspectos formais (em três «curtos» artigos): o cômico e sua força de expansão, o cômico de situação e o cômico de palavras; e, enfim, o cômico de caráter. Trata-se de vislumbrar três análises minuciosas tiradas de comédias de Molière, Labiche ou Beaumarchais (entre outros) que nos dão a ver as diversas representações mecânicas do riso, em sua forma estética e, sobretudo, fenomenológica e psicossocial. Mas, Henri Bergson nos deixa uma porte entreaberta: à análise do aspecto formal das leituras dos textos de Molière, Labiche, Cervantes ou Mark Twain, aparece-nos, nas entrelinhas, a necessidade de pensar o riso em uma perspectiva maior, a uma altura onde as coisas do mundo e o Mundo das coisas apresentam-se-nos iluminados por um olhar escultor, inseridos numa posição de criação e de tradução, num corpo que se quer Outro, e, por esta razão, talvez, reflexivo. Rir da queda do Outro, da queda do Homem, parece recriá-lo.