Em "Não matarás: as raízes históricas do antissemitismo e seus reflexos nos dias de hoje", o professor e filósofo Sócrates Nolasco enfrenta uma das manifestações mais persistentes e sombrias da história humana: o ódio ao judeu. Para além de uma análise histórica ou sociológica, este livro mergulha nas raízes psíquicas do antissemitismo e apresenta as imagens e fantasias inconscientes que o sustentam e que se reconfiguram para manter viva a lógica da exclusão. Nolasco demonstra como o antissemitismo cumpre uma função psíquica e social: ao projetar no outro os conflitos que o sujeito se recusa a elaborar, o ódio transforma-se em instrumento de coesão e descarga emocional. Nesse processo, o pensamento racional — que deveria ser emancipador — é capturado pela mesma força destrutiva que pretende dominar. Em diálogo com Sartre, Adorno e Horkheimer, entre outros autores, o livro lembra como a razão instrumental pode servir à dominação e à violência quando perde seu vínculo com a alteridade. Tal reflexão aproxima-se do diagnóstico de Hannah Arendt sobre a banalidade do mal: quando o pensar se esvazia de sentido ético, a racionalidade se torna engrenagem de ódio e destruição. Com rigor conceitual e escrita eloquente, Sócrates Nolasco propõe uma leitura atual do antissemitismo como sintoma da crise contemporânea da razão e da moral, evocando um apelo ético à preservação da alteridade, da reflexão crítica e da própria humanidade.