Em “Na zona tórrida do Brasil”, Benjamin Péret levanta questões que podem ser lidas da perspectiva política, antropológica e ética a respeito do lugar dos povos indígenas no seio da sociedade brasileira. Mas, sobretudo, são “as observações de um poeta”, como ele mesmo definiu em um texto publicado na revista “Manchete” em 1956, reproduzido nesta edição. “O olhar que Péret lança sobre a alteridade ameríndia quer-se um olhar amigo mas sem condescendência, e revela um cuidado em compreender o outro pelo que ele é, sem concessão nem idealização”, observa a tradutora Leonor Lourenço de Abreu no posfácio do livro.
Desde a primeira vinda ao país (1929-31), recém-casado com a soprano brasileira Elsie Houston (1902-1943), Péret manifestava seu vivo interesse pelas dimensões mágica, mítica, histórica e política do Brasil. Em sua segunda viagem, o poeta surrealista andou pelo Nordeste com os Karajá da ilha do Bananal, visitou pontos distantes do Centro-Oeste, habitados pelos Xavante e foi à Amazônia conviver com os Mehinako e Kamaiurá do alto Xingu, na companhia do indigenista Orlando Villas-Bôas.
Fez hábil uso em sua escrita do próximo e do distante para permitir ao leitor penetrar regiões remotas do país, onde a floresta é “personagem onipresente, todo-poderoso e devorador, que sorve e absorve", como a "grande boca prestes a se precipitar sobre o intruso”.
“Na zona tórrida do Brasil: visita aos indígenas”, edição inédita no Brasil que a 100/cabeças traz a público é uma amostra das aventuras deste homem que levou a vida aos limites do surrealismo.
Tradução e cronologia: Leonor Lourenço de Abreu
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Autor |
Benjamin Péret |
Editora |
100/CABEÇAS |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
108 |
Ano de edição |
2021 |
Número de edição |
1 |