Não é mineiro de nascimento – adverte, logo de início, o autor. Mas foi se tornando, com o passar do tempo, pelas doces memórias da infância vivida numa pequena cidade do sudoeste mineiro, fincando raízes – não apenas pelo histórico familiar, mas pelos sabores e paisagens que experimentava em Cássia (este é o nome da cidade). Tantas andanças, somadas à descoberta do Clube da Esquina pela mão de seu pai e, em especial, Milton Nascimento, o levariam, anos mais tarde, a desenvolver este belo trabalho que tive a satisfação e privilégio de acompanhar. Já nas primeiras páginas da introdução, Matheus narra e descreve suas memórias, em detalhe, tal como se estivéssemos assistindo a um longa-metragem à maneira de um filme baseado em obra literária. Estabelecendo-se em Pouso Alegre, sua afinidade com Minas se intensifica. É o que podemos observar ao longo dos capítulos que compõem este livro. Matheus trata com rigor aspectos conceituais ainda controversos, multifacetados – como “identidade”, “pertencimento”, “tradição”. Para tanto, não se furta ao esforço de empreender uma digressão densa, apoiando-se em estudos históricos – mas não apenas nestes: o mesmo se pode dizer em relação a definições como “regionalismo” e “mineiridade”. Matheus urde um tecido conceitual, dando voz a autores de referência, introduzindo-os com habilidade tal que até causa a impressão de que estes se encontram numa roda de conversa. Aqui, o Clube da Esquina a todo momento se presta a dar corpo às discussões conceituais que se apresentam. Uma análise exaustiva da produção deste “Clube”, comparado aos tropicalistas, seus contemporâneos, revelará semelhanças e distanciamentos dignos de nota. Neste espelhamento, sobressaem-se os elementos que definem a “mineiridade”, tendo como referência a poética composicional. Isso se revela a partir da competente análise dos discos Minas (1975) e Geraes (1976). Vale destacar, ainda, o cuidado na seleção das imagens que servem de apoio à exposição das suas ideias. Um texto de leitura fluida e agradável que, com certeza, ajudará a compreender o que afirmaram Guimarães Rosa, “a gente olha, se lembra, sente, pensa. Minas – a gente não sabe” e Drummond de Andrade: “Minas não é palavra montanhosa. É palavra abissal. Minas é dentro e fundo.”
Heloísa de A. Duarte Valente
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| Autor |
Matheus Barros de Paula |
| Editora |
CRV |
| Idioma |
PORTUGUÊS |
| Encadernação |
Brochura |
| Páginas |
0 |
| Ano de edição |
2025 |
| Número de edição |
1 |