Tomando como ponto de apoio as trajetórias das musicistas Helza Cameu e Joanídia Sodré, ilustres desconhecidas do publico mais amplo, e o universo da musica erudita no Brasil, domínio restrito a especialistas, a pesquisadora Dalila Vasconcellos de Carvalho realiza neste livro uma análise inédita da vida cultural brasileira, na primeira metade do século XX, atenta a maneiras específicas como as mulheres aí se inserem.

Mas essas palavras tampouco fazem jus à envergadura do trabalho, podendo criar a ilusão adicional de que estaríamos diante de um estudo militante destinado a tornar visíveis personagens femininas esquecidas e silenciadas. Nada mais enganoso. O engenho da interpretação reside justamente em tramar o modo como vocação femininas (e masculinas) são construídas umas em relação às outras, na articulação estreita entre talentos individuais, capacidades treinadas e possibilidades (também restrições) colocadas pelo meio social.

Combinando inspirações retiradas da antropologia, da sociologia, da história e dos estudos de gênero, que incidem sobre rico material coligido em acervos pessoais, institucionais, além de fontes bibliográficas diversas, a autora deixa ver a complexa topografia do universo musical brasileiro, em função da análise dos itinerários cruzados de homens e mulheres; da atenção ao valor diferenciado de instrumentos e performances artísticas, além das considerações dos espaços de formação, recepção e consagração dos músicos.

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Sobre a autora: Dalila Vasconcellos de Carvalho dedicou-se ao estudo do piano erudito desde a infância. Foi aluna de Leila Mutanen na Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim. É mestre em Antropologia Social pela USP e membro do grupo de pesquisa ASA – Artes, Saberes e Antropologia, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Fernanda Peixoto.