Como Paulo se posiciona diante da sexualidade? Há em suas cartas uma definitiva aversão pelo corpo? Para ele o matrimônio é inferior ao celibato? Que papéis ele estabelece para a mulher e para o homem? Ele é misógino e prega a inferioridade da mulher? Muitas pessoas estão convencidas disso, pois a tradução de várias passagens das Epístolas Paulinas parece levar logicamente a concluir que ele trabalha o tema da sexualidade muitas vezes sob o aspecto do pecado, e o casamento parece ter um valor menor se comparado ao celibato. É como se as afirmações de Paulo nesse campo dificultassem o acesso à Boa Nova por meio de uma série de preconceitos e regras estapafúrdias e anacrônicas. Em MULHER E HOMEM EM PAULO, descobre-se outra imagem do Apóstolo, pela contestação da tradução usual dos textos paulinos. N. Baumert questiona a tradução estabelecida e propõe nova significação às passagens normalmente brandidas contra Paulo. Por meio desse procedimento, ele minimiza, quando não abole, muitas das acusações contra Paulo, especialmente pela constatação de que muitas de suas afirmações são temporalmente condicionadas e de que, em muitos casos, a própria tradução das passagens mais conhecidas falseia o sentido do que Paulo realmente disse. Baumert mostra como novas perspectivas, desenvolvidas a partir de um novo trabalho textual, podem ajudar em questões candentes como a indissolubilidade do matrimônio, o celibato e suas motivações, os conselhos evangélicos ou o sacerdócio feminino. O resultado disso é um texto atual, que pode levar as comunidades a enxergar Paulo sob nova luz. Ele não proíbe as comunidades de ouvir as mulheres, não deprecia o matrimônio, nem nutre desprezo pelo corpo. Paulo não poderia negar o Deus que assume o homem e a mulher em todo o seu ser e os renova à imagem do Criador )Cl 3,10).