MEDICINA OCULTA é um livro que foi escrito num continente e numa época de atraso médico, ausência de saúde pública, educação e enorme ignorância acerca das patogenias em geral; exceto pelas grandes cidades, prevaleciam ainda no interior as tradições e os conhecimentos dos antepassados para tratar e curar as enfermidades existentes. Portanto, de um lado, este livro é um libelo contra os desvarios da nascente medicina moderna da época, mas de outro lado, este livro é uma fonte de referência de tudo quanto se usava e se sabia na época acerca dos procedimentos naturais e baseados na fé para curar as enfermidades mais comuns, incluindo aquelas tidas como incuráveis.
Muita coisa mudou desde então (1952). A medicina deu um gigantesco salto tecnológico, mas ainda assim, ousamos dizer, apresenta muitas falhas, as quais são perfeitamente supridas pelos antigos métodos curativos. Prova disso é a quantidade de pesquisadores que se embrenham pelas selvas do mundo em busca dos segredos curativos das plantas junto aos pajés e médicos indígenas, para assim abreviar os tempos de pesquisas e descobertas de novos medicamentos.
Como diz o autor deste livro, “devemos ser inteligentes e saber aproveitar o que de bom tem a ciência”. É inegável que o conhecimento químico e dos princípios ativos das plantas fornece sólidos indicadores curativos das mesmas. Mas também é verdade que a parte química das plantas é tão só o seu lado tosco. Fazendo coro com o autor deste livro, enfatizamos que “não são as plantas que curam, mas sim, seus elementais” (a alma das plantas ou seus princípios vitais).
MEDICINA OCULTA reúne o essencial do conhecimento médico indígena dos arhuacos de Serra Nevada de Santa Marta, Colômbia. O autor viveu embrenhado nas selvas colombianas por anos, aprendendo os procedimentos mágicos e naturais junto a esse povo, dentre outros. Portanto, ao fazermos uso dos conhecimentos passados nesta obra, devemos ter presentes esses dois aspectos: o científico e o natural, ou tradicional, o qual traz consigo muito de fé religiosa ou espiritual. Certamente, isso exigirá do leitor mente aberta e receptiva na hora do estudo, da pesquisa e da aplicação da sabedoria aqui revelada.
A ciência materialista moderna acredita que tudo sabe. Porém, jamais na história humana se conheceu e se padeceu de tantas enfermidades quanto agora; dizem que os antigos desconheciam tais enfermidades e que por isso acredita-se que antigamente não existiam tantas doenças quanto agora. Porém, em realidade, as enfermidades modernas nunca existiram no passado, com exceção de algumas, como a lepra, justamente porque no passado vivia-se em estreita comunhão com a natureza, e isso, por si só, prevenia ou evitava o surgimento de um sem número de enfermidades que atualmente acometem as populações urbanas.
Mesmo com todos os avanços médicos dos últimos tempos, ainda hoje, onde a ciência falha, a sabedoria ancestral triunfa. Que o digam os milhares de curados que, após serem desenganados pela medicina moderna, encontraram alívio e salvação nos procedimentos naturais e ancestrais. Por outro lado, não há dúvida alguma que nem tudo pode ser realizado pelos procedimentos naturais e tradições ancestrais. Por exemplo, certas curas somente são alcançadas por procedimentos cirúrgicos, e nisso, sem dúvida, não há o que contrapor. Repetindo o autor, “devemos saber usar o que de bom oferece a ciência”.
No futuro, ciência, fé, tecnologia e conhecimentos naturais se unirão; então teremos uma medicina holística, para o bem de toda a humanidade. Hoje, as enfermidades são objeto de gigantescas disputas comerciais; o que se busca não é a cura nem o alívio de dores e sofrimentos; é o lucro e o dinheiro. Nessa guerra, vale tudo, especialmente destruir esses antigos conhecimentos naturais, que nos últimos anos têm crescido de importância em todas as partes, certamente chegando a afetar os interesses comerciais dos grandes laboratórios, que por isso movem sistemáticas campanhas para desacreditar a sabedoria natural e tradicional dos povos.
Que fique bem claro ao leitor: este livro não é contrário à ciência, aos avanços tecnológicos, às pesquisas, etc. Mas o autor é bastante contundente ao se posicionar contra o materialismo da ciência (sem negar os méritos da tecnologia), os interesses comerciais e as atitudes desumanas de muitos galenos. Como está a indicar o nome desta obra – MEDICINA OCULTA – certamente o objeto deste livro é apontar alternativas e demonstrar que o conhecimento sagrado ainda se faz presente na medicina moderna e que o uso de ambas é muito benéfico a todos.
Este livro foi escrito originalmente há cerca de 60 anos (1952). Portanto, traz muitas indicações de medicamentos de uso comum da época, os quais foram substituídos por produtos bem mais modernos e eficazes. Como tradutor desta obra, e devidamente autorizados, tomamos o cuidado de sinalizar e atualizar tais indicações, seja ao longo da obra, seja ao final, no Glossário, elaborado para auxiliar o estudo, a compreensão e o uso dos ensinamentos passados neste livro.
Karl Bunn