Esta segunda edição aumentada de modo idêntico à primeira, de 1995, tem como fio condutor a discussão de dois temas cuja relevância política e cultural continua indiscutível. O outro tema é o municipalismo e a descentralização do poder político e administrativo no país. Por meio de recuperação de sua experiência na vida pública, mostra-se a importância que isso tem hoje, para o avanço político, social e econômico do país, a defesa do que ele considera "as virtudes democráticas e descentralizantes" da Constituição de 1988.
De um lado, a saúde pública no Brasil. O autor faz uma análise de problemas que o país tem enfrentado neste setor nos últimos dez anos (a primeira edição abrange de 1984 a 1994) – e, de modo agravado, em vários aspectos até agora – bem como avanços e obstáculos que o movimento pela Reforma Sanitária encontra para promover não só a reorganização da saúde pública (agora, melhor denominada, saúde coletiva) que ele chama de "uma nova cultura sanitária".
A análise é enriquecida com explanações de experiências vividas por David Capistrano Filho, que foi secretário de Saúde em duas importantes cidades do estado de São Paulo (Bauru, 1984-1987, e Santos, 1989-1992) além de prefeito de Santos (1993-1996). Ademais, impulsionou o Programa de Saúde da Família (PSF) na cidade de São Paulo.
O outro tema é o municipalismo e a descentralização do poder político e administrativo no país. Por meio de recuperação de sua experiência na vida pública, mostra-se a importância que isso tem hoje, para o avanço político, social e econômico do país, a defesa do que ele considera "as virtudes democráticas e descentralizantes" da Constituição de 1988.
A segunda edição abrange a sempre denodada prática sanitária e política da segunda metade do governo de Santos, escritos de David (de 1997 a 2000, em assessorias e, especialmente, na coordenação da Fundação Zerbini/Qualis), registros de homenagens pós-morte e os textos solicitados para esta edição (memórias de expressivos intelectuais e sanitaristas que acompanharam sua inolvidável ação política-sanitária, cujos resultados devem ser refletidos e aplicados neste 25º ano de sua ausência).
Ademais de escritos sanitários, registre-se: São Paulo: PMDB No Poder – Vitória Da Unidade, com Antônio Roque Citadini (Cerifa, 1982); Há o que fazer – a esquerda na Nova República, com Ubiratan de Paula Santos e Breno Altman (Hucitec, 1986); Mil Dias de Governo Popular (Página Aberta, 1991).
– José Ruben de Alcântara Bonfim, Sanitarista com formação em saúde pública, aposentado,
um dos fundadores do Cebes, e da revista Saúde em Debate, editor científico
e um dos diretores da Coleção Saúde em Debate (Hucitec).
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Este livro é uma celebração de 25 anos da ausência de David Capistrano Filho (1948-2000), notável sanitarista e político, pensador original em grande variedade das políticas da saúde (foi secretário de Saúde de Bauru e de Santos) e da organização das lutas sociais para uma efetiva administração pública (foi prefeito de Santos), desde a transformação do capitalismo no país sob molde neoliberal. A obra, aumentada nesta segunda edição, trata de problemas decisivos da saúde pública (luta antimanicomial, proteção da mulher e da criança, organização de serviços de saúde sob responsabilidade direta do poder público sem concessão a terceiros, por exemplo, a atual Estratégia de Saúde da Família sem hegemonia privada) e da administração dos municípios. Participante ativo da vida política nacional, com início na juventude, David procurou compreender esses dois grandes temas e produziu defesa sagaz do teor municipalista e descentralizante da Constituição de 1988.
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Este livro vem carregado de afetos, homenagens e celebrações. Trata-se de bela e tocante união levada a efeito pelos amigos de David Capistrano Filho. Traz a marca da amizade forjada nas muitas lutas travadas ao longo dos anos, desde a juventude especialmente depois de sua formação médica (1967-1972). Empenhos por vida digna para todos. Esforços para mudar o mundo contra inimigos poderosos. Um sonho talvez quixotesco para um olhar pouco atento, mas incontornável para quem, a exemplo dele, nunca compactuou com a injustiça e a perversidade que insiste em reduzir pessoas à condição de operadoras e servas de uma engrenagem infernal e insaciável. Um moinho que pretende exaurir toda a potência criativa e realizadora da condição humana, para ajustar a todos para serem matéria combustiva e bagaço descartável. Nesse sentido, Da saúde e das cidades continua sendo, aquilo que moveu o seu autor: “um protesto contra as monstruosas desigualdades que fazem a vida humana valer muito pouco em nosso país”. Da saúde e das cidades marca também a retomada de parceria de êxito entre a Hucitec Editora e o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde. O Cebes fundado há quase 50 anos, tendo à frente David Capistrano Filho e José Ruben de Alcântara Bonfim, que preparou essa segunda edição. Uma cooperação que anteriormente tinha sido realizada, entre outras iniciativas, na edição da primeira obra de Giovanni Berlinguer no país (Medicina e Política). Temos certeza que esse reencontro renderá frutos igualmente saborosos, a começar com esse feito cercado pelo carinho e admiração dos amigos de David, que nos deixou em 2000. Um tributo dos amigos reunidos no grupo Davidavida.
– Carlos Fidelis da Ponte, Presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes)