Com "O cinema brasileiro na cozinha", Berê Bahia nos faz caminhar por dois universos prazerosos - o cinema e a cozinha -, caminhada que mobiliza todos os nossos sentidos: a visão e a audição para o cinema, e o paladar, o olfato e a visão para a comida. Caminhada que nos faz também percorrer um caminho de lembranças... Quem não lembra dos sons e das imagens significantes herdados de um filme, do gosto especial de uma comida inesquecível, aquela que juntou cheiro, gosto, cor e companhia? O mérito maior do livro de Berê é este, juntar lembranças, e lembranças são prazeres. É Sara Paim, grande educadora argentina há muito tempo radicada em Paris, quem afirma que nosso prazer se constitui das boas lembranças e que nós somos as nossas recordações, são elas que nos constituem, que nos caracterizam. são também as lembranças que produzem em nós as faltas, as quais geram os nossos desejos, os quais, por sua vez, são a fonte dos nossos dramas. Dramas no sentido do que são, em nós, afetos, emoções, vivências, histórias de vida e do mundo, ou seja, a matéria simbólica do cinema. São essas algumas pistas que possibilitam compreender a lógica que fez Berê fazer a junção, a princípio inusitada, entre cozinha e cinema.