O livro Vérnix, de Bruno Oggione, é uma coletânea poética atravessada por intensidade imagética e densidade simbólica. Cada poema convoca temas como solidão, morte, memória, amor e maternidade, compondo uma cosmogonia íntima que articula o mítico ao existencial. Longe de narrar ou explicar, a obra se entrega a um fluxo de imagens, ritmos e pulsações, conduzido por uma lógica interna de rara delicadeza. Os versos ousam na forma, com cortes bruscos, repetições e silêncios que reforçam a potência sonora e simbólica da palavra. Nesse movimento de entrega total à linguagem, Vérnix afirma a poesia como resistência e como modo de presença no mundo, desafiando o leitor a atravessar sua vertigem com fôlego e sensibilidade.

A escrita de Oggione alterna a sutileza do silêncio à explosão do verbo, em uma dicção que encontra ressonâncias na poesia cósmica de Herberto Helder e Vasco Gato, mas que se constrói de maneira singular. Entre nascimento e morte, polos que estruturam sua travessia, a obra ergue um espaço poético de intensidade filosófica e imagética. Um convite para quem busca na poesia contemporânea não apenas beleza, mas também pensamento e experiência.