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Por Michael Anthony

A PRIMEIRA VEZ QUE VI OS IRMÃOS VAN HALEN tocando foi quando eu estudava na Arcadia High School, no leste de Los Angeles. Foi durante uma feira estudantil realizada em um campo de futebol, e a banda se chamava Mammoth. Eram apenas Eddie Van Halen na guitarra, seu irmão Alex Van Halen na bateria e um sujeito chamado Mark Stone tocando baixo. Eddie fazia todos os vocais. Eles tocaram Cream, Grand Funk Railroad e The Who. Eddie acertava em cheio cada uma das notas de todas as músicas, exatamente como nos discos.
Depois do ensino médio, participei de uma banda chamada Snake. Um nome bastante original, eu sei. Abrimos um show do Van Halen na Pasadena High School. Eles agora tinham um vocalista. Lembro-me de ficar sentado no estacionamento depois do show conversando com Eddie.
Avancemos para meu segundo ano na Pasadena City College, e por intermédio de um amigo em comum voltei a ter contato com os irmãos Van Halen. Eles queriam se livrar de um baixista e me pediram para fazer uma jam com eles. Foi quando me convidaram para entrar na banda. Tocamos em todos os lugares que conseguimos. Aqueles caras estavam decididos a dar duro e fazer a banda acontecer. Tocamos em festas, clubes, coisas do tipo, aonde quer que o dinheiro para a gasolina conseguisse nos levar. Depois de tocar a noite toda, eu praticamente dormia dentro do meu carro quando deveria estar na aula. Estava me preparando para tomar uma decisão — ir para a escola ou ter uma banda — quando meu pai me expulsou de casa. Os Van Halen eram garotos normais. Todos festejávamos bastante e, sendo irmãos, eles brigavam muito. Eles sempre se abraçavam e faziam as pazes depois, mas tinham sérias desavenças e tínhamos que os separar. Fosse onde fosse — eles começavam a socar um ao outro, mas pouco depois passavam a chorar e se abraçar, dizendo: “Eu te amo, cara”. Aqueles dois tinham uma conexão, não apenas fraternal, mas musical também. Ed queria ouvir Al em seu
monitor. Al queria ouvir Ed em seu monitor. Cada um tocava com base no que o outro estava tocando.
Antes de Sammy aparecer, todos estávamos completamente arrasados. Parecia possível que a banda tivesse chegado ao fim depois da saída de Roth. Quando assinamos com a Warner Bros., amigos na indústria nos disseram que cinco anos era uma boa expectativa de vida para uma banda de rock. Pensamos que tínhamos chegado ao fim. A gravadora também não estava muito empolgada. Eles sequer queriam que continuássemos a chamar a banda de Van Halen. Eddie e Al não sabiam o que fazer. Eles cogitaram nomes de alguns vocalistas e chegamos a chamar alguns caras desconhecidos para cantar conosco porque pensamos que ter alguém que já fosse conhecido mudaria a dinâmica da banda. Isso não deu certo, e ninguém sabia o que fazer até que Claudio Zampoli, o mecânico que cuidava do carro do Eddie, sugeriu que ele telefonasse para o Sammy.
Desde aquele primeiro momento em que apertei sua mão quando ele chegou no 5150 Studios do Van Halen, eu soube que aquele cara tinha uma boa vibração. Não nos conhecíamos, mas eu era um grande fã: quando trabalhamos com o produtor Ted Templeman na gravação do primeiro álbum do Van Halen, nós lhe pedimos que fizesse com que soássemos como o Montrose — queríamos aquele som cheio de “Rock Candy”.
Sammy foi um grande alento. Fomos ao estúdio para que ele ouvisse algumas músicas. Nós tocamos e ele começou a cantar junto. O que quer que Eddie tocasse, ele conseguia acompanhar. Todos olhamos para o engenheiro, Donn Landee, e exclamamos: “Puta merda!”. Foi como se as nuvens se dissipassem, o céu clareasse, o sol aparecesse, os pássaros cantassem, os animais dançassem. Foi algo como: “Amém! Temos uma banda”. Ele era a peça perfeita que faltava no quebra-cabeça. Ficamos boquiabertos. Gravamos fitas cassete e depois sentamos para trabalhar com o engenheiro de som. Lembro-me de dizer: “Temos uma banda”. Todos vínhamos nos sentindo para baixo e não sabíamos o que fazer. Aquela era a resposta para nossas preces. Aquele era o empurrão de que precisávamos. Aquilo era... porra, aquilo era a coisa certa.
Toquei a fita para minha esposa, Sue. Era apenas uma letra que Sammy havia criado no improviso, a qual mais tarde se transformou em “Summer Nights”. Ela pirou com o que ouviu. Ela conseguiu perceber. Você pode se reunir com algumas pessoas e tocar, e eu já fiz isso muitas vezes em bandas. Algumas vezes são ótimas, algumas vezes você vai só levando. Mas algo mágico assim acontece somente uma vez na vida, isso se você tiver sorte.
De repente, chegamos a outro nível. Não só tínhamos um sujeito que sabia cantar muito bem, como também tínhamos um outro guitarrista. Foi algo novo, algo diferente, e Eddie curtiu muito isso. Sammy era o que faltava. Ele foi a pessoa que nos levou a um nível mais alto com o Van Halen.
Sam e eu nos demos bem logo de cara. Nós nos tornamos amigos de um jeito que eu nunca tinha experimentado com mais ninguém da banda. A banda toda foi influenciada por essa atmosfera. Nada nos atrapalharia. Tivemos nada menos que um renascimento do Van Halen. Havia muita energia fluindo naquele estúdio enquanto trabalhávamos no álbum 5150, as ideias surgiam a torto e a direito, tudo novo e empolgante.
Com Sammy, criávamos verdadeiras melodias. Ele era simplesmente um grande e completo músico. Eddie podia dizer, “Ei, Sam, tive uma ideia”, então Sammy pegava sua guitarra e dizia, “Tá, mas o que você acha disso?”. Essa foi uma grande novidade para nós. Começamos a nos tornar uma banda muito mais musical. A carreira do Van Halen chegou a níveis estratosféricos com Sammy. A banda conquistou múltiplos discos de platina. Dominamos o mundo do rock de arena e tocamos em casas com ingressos esgotados noite após noite durante mais de dez anos. Éramos a banda
de hard rock número um e foi Sammy quem nos elevou a esse patamar.

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Autor Joel Sammy; Selvin Hagar
Editora BELAS-LETRAS 
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 320
Ano de edição 2021
Número de edição 1

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