Entre as ideias muito frequentes na historiogra¬a do Norte de Minas, destaca-se uma leitura dualista, que opõe o sertão à civilização/modernidade. Haveria uma região que, desde os tempos coloniais, é explorada, inva - dida ou desrespeitada por agentes externos, sejam eles da Coroa portuguesa, do Estado ou da cultura iluminista. Nessa mesma chave de interpretação, no afã de se criticar o processo de modernização autoritária e excludente do século XX, idealiza-se uma hipotética cultura tradicional que resiste aos ataques exógenos. Essas ideias parecem mais destacadas nos textos que são mais abertamente engajados, nos quais as demandas do presente, que de resto incidem sobre qualquer análise social, presidem a construção da abordagem, ainda que ao custo de se chocar com as evidências empíricas em contrário. (...) A presente coletânea se coloca em outro caminho. Os autores examinam situações concretas, com arguta compreensão dos agentes e instituições em suas temporalidades, sem forçar os fatos para que se enquadrem como precedentes de lutas políticas e simbólicas dos séculos XX e XXI.