Entre a Exclusão Social e a Utopia aborda as experiências de trabalhadores rurais em movimentos de resistência organizada no Sudoeste e Oeste do Paraná. O livro centra-se nas experiências de organização da vida cotidiana dos assentados rurais, evidenciando as contradições nos processos de organização das diferentes formas cooperativas e ou associativas e de como foram vividas. Na medida em que os assentamentos não constituem espaços sociais isolados, sua organização interna e formas de solidariedade e cooperação são analisadas, de um lado, a partir do exame dos nexos entre as transformações da estrutura agrária, a articulação da resistência dos sem-terra e o surgimento dos assentamentos, suas formas de organização da terra e do trabalho. E, de outro lado, como mediações produzidas nas relações sociais e como processos que integram a dinâmica de movimentos sociais, são abordadas na relação com o fazer-se da luta pela terra a partir das múltiplas representações que os próprios assentados elaboram como memória de suas trajetórias de vida. Neste contexto, os assentamentos configuram ambiências: espaços sociais e de produção material da vida onde afloram pluralidade e heterogeneidade permeadas pelas relações de poder, por teias de contradições e de conflitos em torno de hábitos, valores e tradições. Neles evidenciam-se tanto as contradições de classe como as inerentes à formação da categoria social de assentados, e a perspectiva dos assentados de recriarem o modo de vida de colono, contrapondo-se, não raras vezes, aos projetos de organização social dos movimentos dos quais participam.