A produção que abastece as cooperativas da Agricultura Familiar está diretamente vinculada à força de trabalho de jovens agricultores e condicionada à permanência destes no ambiente agrícola como fator de sucessão. No entanto, não se observa a participação dos jovens nas deliberações das cooperativas dessa categoria, salvo nos casos em que já são titulares em seus estabelecimentos. Ora, nessa categoria social, cada membro do núcleo familiar se ocupa de frações do processo produtivo, sendo prudente que as decisões relacionadas com sua produção tenham em conta as demandas das pessoas igualmente envolvidas, responsáveis pelo abastecimento e funcionamento da organização coletiva. Considerando a importância social e econômica da Agricultura Familiar, bem como das cooperativas dessa categoria enquanto instrumento de suporte para sua produção, fomos buscar na democracia participativa os fundamentos de um modelo de gestão capaz de envolver no processo decisório dessas organizações as pessoas já envolvidas na produção que garante o seu funcionamento, na perspectiva de ampliar a governança dessas pessoas sobre as decisões que afetam sua atividade produtiva, fortalecendo assim as condições de permanência das juventudes rurais na atividade agrícola. Nosso entendimento é de que estando os sócios em concordância com o estabelecimento de um modelo de gestão que permita a participação ampliada dos comunitários, a partir do envolvimento das famílias nas tomadas de decisão da cooperativa, inclusive tendo nesse procedimento um mecanismo de transparência, nada impede que deliberem a esse respeito e instituam o modelo mais apropriado.