Durante décadas a Universidade de São Paulo manteve intocado o sonho oligárquico da universidade reservada para poucos: quase não havia negros nos seus cursos mais concorridos. Inserida numa região em que brancos estão em maioria, a desigualdade social e econômica foi apontada como causa dessa exclusão. Priscila Elisabete da Silva, autora deste livro, desfaz de forma instigante esse mito, mostrando que o mal-estar sobre a questão racial denuncia um não dito enraizado nas origens da USP. Os cafeicultores haviam promovido e incentivado a imigração estrangeira, fazendo dos imigrantes europeus e de seus descendentes a marca da identidade paulista. Buscando na Europa os intelectuais que iriam formar as primeiras gerações universitárias, de certo modo Fernando de Azevedo e Júlio Mesquita Filho, na década de 1930, replicavam, em menor dimensão, estratégia semelhante. O que estava em jogo, no objetivo da USP de então, “formar elites condutoras”, não era, no entanto, a pouca disposição dos brasileiros à modernização social. Por meio de artigos de jornais, correspondências, atas e documentos, Priscila mostra as ligações entre o projeto da Universidade e sociedades eugênicas que tinham em pensadores como Renato Kehl a defesa da naturalização da hierarquia racial. Lançando mão de teorias raciais e adaptando-as aos seus interesses, os mentores da Universidade de São Paulo falavam de raça sem necessariamente explicitá-la, usando de metáforas como doença, atraso e incultura. Não se queria que ex-escravizados, os descendentes de povos deportados da África, fizessem da universidade lugar de elaboração de sua perspectiva, obrigando a sociedade a olhar para si mesma, sem esquecimento do passado, sem o uso de máscaras brancas.
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| Autor | Priscila Elisabete da Silva |
| Editora | APPRIS |
| Idioma | PORTUGUÊS |
| Encadernação | Brochura |
| Páginas | 359 |
| Ano de edição | 2020 |
| Número de edição | 1 |

