Este livro importa a todos os que se interessam pela infância e adolescência no Brasil, sobretudo aos que desejam construir políticas mais democráticas. Seu mote é a "questão do adolescente em conflito com a lei", tema de debates públicos acalorados.
Há dois modos radicalmente distintos de se pensar essa questão. De um lado, há consenso social de que, se esses adolescentes cometeram infrações à lei, devem ser punidos - discute-se apenas a partir de que idade. De outro, há a própria lei que diz que, por estarem em momento precoce da formação, e explorados por mercados ilegais nas ''piores formas do trabalho infantil'', esses meninos e meninas devem ser protegidos, pela família, pelo Estado e pela comunidade.
Liana de Paula analisa a tensa relação entre juventude e cidadania. E, as concepções que conseguiram, no final da década de 1980, colocar o adolescente autor de ato infracional como sujeito de direitos e posições que os responsabilizam por parcela significativa dos crimes e violências cometidas no país e, em resposta, reproduzem práticas e culturas organizacionais profundamente desiguais e indutoras de inequidades.
O livro nasce como uma referência indispensável para todos os interessados em compreender como a punição é efetivada nas políticas públicas e, mais do que nunca, para se compreender as fortes disputas ideológicas travadas pelo sentido da ordem e da justiça no Brasil.