• Mal-estar na civilização

Quando Freud publica O Mal-Estar na Civilização em 1930, alcança um ponto de convergência de estudos anteriores com foco na psicologia social. Numa trajetória que passa por momentos como do mito da criação da sociedade, em Totem e Tabu, ou da influência da repressão, nos Estudos sobre a Histeria, o aspecto patogênico da vida em sociedade nunca foi ignorado. Pelo contrário! Ao definir o mal-estar como desamparo estrutural, Freud inscreve, no cerne da economia psíquica, um conflito com o qual somos obrigados a conviver. Ele mesmo reconhece, num levantamento sobre origens do sofrimento psicológico humano, que é exatamente aquele gerado pela convivência com outros da mesma espécie o tipo de sofrimento mais doloroso e de mais escassas possibilidades de solução. Pelo mal-estar, o homem reconhece seu destino trágico, sua condenação eterna à infelicidade, o desamparo estrutural, que é o campo em que exercita sua existência.
A partir dessa noção, o leitor é lançado a uma cartografia esquemática do Unbehagen, da sua emergência na modernidade até aquelas manifestações mais representativas na contemporaneidade. Quer-se, neste livro, provocar uma discussão incompleta e aberta em torno da intrincada dualidade cultura/subjetividade, tomando como referência o elemento estrutural do mal-estar. Essa perspectiva permite reunir como correlatas posições e disciplinas que, de outra maneira, dificilmente estariam juntas. Da psicanálise às artes, da psicopatologia à micropolítica, do fim do feudalismo à pós-modernidade, os correlatos do Unbehagen mostram-se como operadores importantes nos processos de subjetivação. Cada época e lugar apropria-se, a sua maneira, desse elemento estrutural. Leituras complementares de um mesmo elemento – assim nossa cartografia toma substância. Não se tem a pretensão de esgotar essa discussão. O objetivo é, inversamente, estimular o debate e a criação de novas cartografias; ainda que termos e conceitos sejam insuficientes para apreender aspectos complexos da realidade, elementos não faltam.

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Autor Wanderlúcio Nunes
Editora APPRIS
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 163
Ano de edição 2021
Número de edição 1

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