A música para koto como referência de estudo da etnicidade, ideologia e herança cultural. Essa foi a tese de doutorado em Música, especificamente em etnomusicologia, de Alice Lumi Satomi, que resultou em um instigante estudo sobre a trajetória dos imigrantes japoneses no Brasil. O título, à primeira vista, é inusitado. E, a autora se encarrega de desvendar o assunto, já a partir do capítulo inicial, com um título muito apropriado: “Dragão deitado na areia confabula com as ondas” (ou seja, da imagem poética do instrumento). Após explicar a estrutura física do koto, ela ressalta a forma simbólica do instrumento: o tampo superior representa o céu; e o fundo chato, a terra. As cordas, as relações humanas; uma das cavidades sonoras é chamada de poço do dragão; e a outra, tanque da fênix, uma referência aos princípios yang e yin. “Num único instrumento, podemos conferir a síntese dos fundamentos budistas, taoístas e confucionistas”, sustenta a pesquisadora. A tese defendida em 2004, detalha diferentes aspectos relacionados ao koto. De um lado, como instrumento musical, seus recursos sonoros, análise de repertório, as escolas e os compositores. De outro, as circunstâncias históricas e socioculturais dos grupos musicais nipo-brasileiros (todos de São Paulo), enfocando os praticantes da Associação Okinawa Kenjin do Brasil, o grupo Miwa-kai e a Associação Brasileira de Música Clássica Japonesa. A pesquisa de campo foi iniciada em 1996 (a própria autora participou ativamente das aulas) e, a partir desses estudos, as três associações foram divididas em dois grupos. As duas primeiras, Associação Okinawa e o Miwa-kai (estilo Ikuta-ryu), têm em comum um comportamento de “atitudes coletivistas peculiares ao imigrante pré-guerra” e, portanto, foram agrupadas no capítulo “Surgimento e continuidade de atitudes pré-guerra”. Já a Associação Brasileira de Música Clássica Japonesa foi enfocada sob o título “Implantação da mentalidade pós-guerra”, envolvendo uma ex-professora do estilo Yamada-ryu e os grupos Miyagi-kai e Seiha Brasil de Koto (ramificações do estilo Ikuta-ryu). De acordo com a pesquisadora, “no interior desses grupos convivem a conduta rural pré-guerra e a mentalidade urbana ‘moderna’ ou ‘ocidentalizada’ do pós-guerra”. Alice evita o termo “transplante” da música para koto ao Brasil, e prefere empregar o conceito de “alternativização”, ou seja, um processo em que um repertório “oficial” no país natal passa a ser “alternativa” no país adotivo. Enfim, qual o sentido sociocultural de tocar koto no Brasil? Esse foi o desafio a que se propôs a pesquisadora. Com certeza será deliciosamente envolvente acompanhá-la nessa missão de desvendar a sonoridade do “dragão deitado na areia enquanto confabula com as ondas”.
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Autor |
Alice Lumi Satomi |
Editora |
APPRIS |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
191 |
Ano de edição |
2019 |
Número de edição |
1 |