Entre muitos livros possíveis, um livro determinado é apenas uma possibilidade que se torna real. Houve quem concebesse uma biblioteca universal e eterna, contendo todos os livros da orbe e de infinitos mundos, tanto os escritos, os por escrever, como os que nunca se escreverão. Essa concepção da literatura, vasta e conjectural, também se aplica a todo livro e a cada livro em particular. Poderíamos falar, assim, de um livro de teoria e pensamento político destinado a ocupar um lugar nas estantes entre inúmeros volumes, incluídos os mais variados tópicos dedicados a pensar e estudar a política, armazenados nessa biblioteca sem fim.
Tal livro seria, como qualquer livro da biblioteca e como a biblioteca mesma, uma pluralidade; estaria feito da vida e da experiência humana, que é a matéria de toda literatura, da política, do discurso e da ação. Sua matéria seria, então, a que motiva o nosso título e a que nutre o conteúdo do livro individual que nestas páginas estão sendo apresentados: um livro que, num sentido inerentemente plural, brota da reflexão e da prática intelectuais.