O livro Religião, educação e capitalismo: por uma (re)educação do ser no mundo! busca compreender as entranhas da formação do capitalismo, desde seu nascimento na Europa até os dias atuais. Desde a origem desse sistema de produção, toda estrutura social foi repensada com vista à centralização e à manutenção de sua dinâmica. Seu “espírito”, acompanhando a proposta de Max Weber, foi promovido por uma perspectiva ética cristã protestante que, ulteriormente, se desenvolveu em outras estruturas sociais, tendo como base reprodutiva a educação – o que continua ocorrendo sob “habilidades e competências”. Inicialmente, a obra encontra no protestantismo calvinista o “espírito do capitalismo” após análise das principais perspectivas protestantes coetâneas à estruturação desse sistema de produção. Para o autor, desde os primórdios, a educação é reprodutora também do “espírito capitalista”, o que é recorrente na contemporaneidade. A Modernidade tem sua origem desde as viagens além-mar, com as quais, também, a globalização e a busca pelo acúmulo da riqueza trilharam caminho. Nessas viagens, se concretizou a sanha missionária pela expansão do cristianismo via Contrarreforma pela Igreja Católica Apostólica Romana, mas também, em seguida, registra-se a presença de protestantes na América de forma parca no Sul e contundente no Norte, tempos depois. Na obra, registra-se que há uma ligação visceral entre o capitalismo e a educação. E a questão fundamental que se apresenta é até que ponto a educação realmente consegue ser libertadora. O quanto é possível concretizar uma educação em perspectiva libertadora diante de um discurso massivo de subserviência ao sistema? Ou, como contraponto ao capitalismo, como construir/fomentar/possibilitar uma educação ético-solidária com senso de solidariedade social que respeita os outros seres humanos e a terra? Essa discussão faz sentido em tempos em que tanto se questiona o quanto a educação forma para a libertação, e vale muito percorrer os caminhos que conformaram as estruturas para vislumbre de outras possibilidades, o que é, ainda, a grandeza da obra, destinada a leitores que se interessem pelas temáticas de religião, educação e capitalismo, e, de modo especial, estudantes e religiosos!