Este estudo procura revisitar os Atos dos Apóstolos à luz do magistério do papa Francisco, que estimula a comunidade cristã a sair das sacristias e ir às periferias geográficas, sociais e culturais do mundo. No relato, a Igreja — fruto do evento pascal e vivificada pelo Espírito — é essencialmente dinâmica, missionária, focada fora de si, com a única preocupação de anunciar ao mundo o projeto salvador de Deus, que, por meio do Cristo, quer redimir todos os seres humanos. Feita de santos e pecadores e estruturada hierarquicamente, sabe encontrar as formas mais aptas para exercer seu ministério de anúncio do evangelho de acordo com as circunstâncias, mostrando ter uma estrutura ágil e capaz de adequar-se às situações concretas da vida. Pedro e Paulo levam à frente a missão, mas é a Palavra e o Espírito que são os verdadeiros atores do livro, antecipando os missionários em seus empreendimentos. Na narrativa, enfrenta-se de forma embrionária o problema da inculturação; reconhece-se o primado da evangelização dos judeus como primeiros depositários das promessas de Deus; luta-se contra a mentalidade pagã, sempre recorrente. De um grupo pequeno de fiéis, a comunidade cristã torna-se um organismo articulado que chama a atenção das autoridades políticas daquele tempo. Jesus ressuscitado a sustenta e a purifica constantemente para que possa exercer com eficácia sua tarefa na história.