Vanguardas em retrocesso é um empreendimento raro. Ao contrário do enfoque costumeiro - comparar a experiência modernista brasileira em relação aos países centrais, como Estados Unidos ou França -, centra foco nos vizinhos argentinos.
Em ensaios que tratam do jovem Jorge Luis Borges, Mário de Andrade, Lasar Segall ou Xul Solar, o que está em jogo é uma abordagem duplamente inovadora: em primeiro lugar, pela originalidade de comparar com uma experiência tão mais próxima quanto desconhecida dos leitores brasileiros; em segundo, por desconfiar da condição sagrada dos autores, por mais canonizados que sejam. A interpretação nunca se restringe às obras. Trabalho minucioso de história intelectual, o texto traz as inclinações ideológicas, a história social dos escritores, a moldura institucional, enfim, recupera as condições de produção disponíveis.
Como de hábito na obra de Miceli - talvez o sociólogo de maior destaque no Brasil na área cultural -, os textos tocam em nervos expostos. O autor mira nos pontos que o processo de consagração dos autores costuma apagar: os condicionantes econômicos, as relações pessoais e familiares, as tentativas fracassadas.
Não diminui, porém, seus objetos de estudo. Pelo contrário, restitui a eles a dimensão humana e busca explicar as condições que permitiram sua emergência.
Denso do ponto de vista teórico, ousado no enfoque e cheio de lances inesperados, este livro representa um olhar novo, complexo e multifacetado sobre o modernismo latino-americano.
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Autor |
Sergio Miceli |
Editora |
COMPANHIA DAS LETRAS |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
240 |
Ano de edição |
2012 |
Número de edição |
1 |