"A periferia está na moda". Por isso, tem sido mote recorrente de produções artísticas, programas de televisão, políticas públicas e trabalhos acadêmicos. Tal como este de Aline Deyques, que se propõe a investigar como e por que a periferia, constituída à margem do desenvolvimento urbano e de investimentos do mercado cultural, projetou-se a partir de uma literatura que se pretende representativa desse tipo de espaço e se afirma como voz dos marginalizados há pouco mais de uma década. Trata-se de um estudo desenvolvido na área de Letras, que combina discussão bibliográfica, realização de entrevistas e observações de campo, à luz de referências teóricas que contextualizam essa produção literária recente na história da cultura popular brasileira e de inúmeras associações da arte ao adjetivo marginal. Mais do que um exercício intelectual de escuta, é uma reflexão que se propõe a amplificar a polifonia discursiva sobre marginalidade e literatura no cenário contemporâneo. E que o faz pela perspectiva daqueles que foram tradicionalmente excluídos do processo simbólico, devido à sensibilidade e ao comprometimento da autora de fazer ecoar, em alto e bom som, um clarim por muito tempo silenciado. Érica Peçanha, antropóloga e pesquisadora da produção cultural periférica.