Tempos turbulentos afligem o mundo nos últimos anos. À onda de populismo nacionalista que levou ao Brexit e a Trump, para ficar só nos principais eventos, juntam-se a pandemia e a guerra da Ucrânia, mais recentemente. Choques por si só suficientes para abalar a geopolítica mundial e colocá-la de novo no centro do palco, como na época da Guerra Fria. Isso reforça cada vez mais a necessidade de políticas de contenção às transformações pelas quais estamos passando.
Não é fácil fazer isso, e pode parecer que existe uma solução mágica que levará essa geopolítica a se reorganizar em tempos de nova Guerra Fria, não entre Ocidente e Oriente, como preconizava Samuel Huntington nos anos de 1990, mas entre democracias e autocracias.
Sendo isso verdade, o impacto geopolítico precisa passar pela mudança doméstica, de transformação de democracia para autocracia ou vice-versa. O que se pretende neste livro é reforçar a ideia de que, apesar da volta da geopolítica, as condições domésticas econômicas e institucionais são as que poderão alterar o balanço de forças entre soft power e hard power.
A tese deste livro é de que as instituições e a economia mais fortes em um país levam a mais soft power e a menos hard power. Pode parecer uma proposição forte, mas o texto que se segue é eminentemente empírico e apresenta diversos estudos econométricos que corroboram a ideia de que querer aumentar a força da imagem de um país (soft power) em detrimento de seu poder militar (hard power) passa por mudanças domésticas na base econômica e institucional nacional.