Imperialismo ecológico é um livro surpreendente desde o título. Nele o professor Alfredo W. Crosby, da Universidade do Texas, conta a história tão conhecida da expansão européia de um ponto de vista provocante e inovador. Em vez de estudar as batalhas militares e políticas ou a agressão social e cultural, Crosby concentra-se na pouco examinada invasão biológica das novas terras pelo que chama de "biota portátil": o conjunto de animais, vegetais e doenças que embarcaram junto com os europeus nas caravelas e acabaram por expulsar ou liquidar a flora, a fauna e os habitantes nativos de várias regiões temperadas do mundo.No capítulo inicial, o autor narra a formação dos diversos continentes a partir do supercontinente de Pangéia e se detém na Revolução Neolítica - a passagem da Idade da Pedra para a do Bronze, que desemboca na criação da civilização. A seguir, procura explicar por que as primeiras tentativas de colonização européia - dos escandinavos e dos cruzados - não deram certo. O primeiro grande êxito do "imperialismo" europeu ocorreu somente no século XV, com a europeização completa das ilhas de Açores, Madeira e Canárias, processo pouco conhecido que Crosby descreve num capítulo iluminador. A partir de então, ajudados pelo conhecimento essencial dos ventos, os europeus se espalharam com arrojo pelos mares e continentes. Em três capítulos fascinantes - ervas, animais, doenças - ficamos sabendo que armas poderosas os navegadores levavam na bagagem: uma avalanche capaz de transformar o mundo.