Com este livro analiso historicamente Mon coeur balance e Leur âme, duas peças de teatro escritas por Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida, em 1916, à luz das relações políticas, sociais e culturais da cidade de São Paulo dessa década. Tais dramaturgias, quando observadas pela ótica do simbolismo, abrem uma gama de possibilidades analíticas que são ampliadas quando contrastadas com as fontes jornalísticas. Ao contrário do que acreditam diversos críticos contemporâneos de renome, tais peças não se resumem a uma arte mundana e de entretenimento burguês, mas apresentam críticas sociais muito bem definidas – embora não explícitas – por meio de citações de autores europeus, livros, músicas, óperas e pinturas. Permeadas pelo sentimento de “paulistanidade”, as histórias contadas pelos autores refletem o afrancesamento da intelectualidade paulista da década de 1910, assim como suas maneiras de refletir, recriar e criticar a realidade nacional por meio da construção da figura da Mulher Fatal brasileira.