"A Pintura Encarnada" é texto inaugural na obra do importante teórico George Didi-Huberman. Neste estudo, ele recupera um texto literário como matriz historiográfica de ancestrais questionamentos sobre a arte: "A Obra-Prima Desconhecida", um conto de Honoré de Balzac, verdadeiro mito sobre a origem, os meios e os limites da pintura. A Literatura não é tratada como mero repositório das tópicas, consequente chave interpretativa para os sintagmas da pintura. Mais que simplesmente metaforizar uma leitura que se pretende arborescente, ela ajuda a pôr em pauta uma constelação de sentidos (do sema, da Aisthasis, do Páthos), para além dos modelos teóricos hegemônicos, que desconsideram as circulações entre elementos visuais contraditórios.