O vocalista do Pulp entregou muito mais do que um livro de memórias: escavando o seu sótão, Jarvis foi capaz de tecer uma linha evolutiva da sua própria história e das suas referências (estéticas, sonoras, literárias etc.). Com design assinado pelo craque Julian House – conhecido por seus trabalhos para nomes como Oasis, Stereolab, Primal Scream e Prodigy –, Good Pop, Bad Pop é um livro delicioso e surpreendente.

E se as coisas que deixamos escondidas dizem mais sobre nós do que aquelas que deixamos à vista?

Todos temos uma coleção aleatória de coisas que nos moldaram – fotos, ingressos, roupas, souvenirs etc. Elas estão por aí: enfiadas numa caixa, esquecidas numa mala, amontoadas numa gaveta. Quando Jarvis Cocker começa a limpar seu sótão, ele encontra diversos objetos que catalogam sua história e lançam a ele questões embaraçosas: Quem você pensa que é? Roupas são importantes? Por que tem tantos pares de óculos quebrados aqui em cima?

De uma camisa de poliéster Gold Star a um tablete de chiclete Wrigley’s Extra, das tentativas adolescentes de escrever canções ao Livro das Fantásticas Piadas Sujas e Risadas Sexy, aqui estão as evidências claras da vida única de Jarvis, do Pulp, da cultura pop do século 20, dos bons tempos e dos erros que ele preferia esquecer. Esses detritos acumulados de uma vida inteira revelam seu processo criativo – a escrita e a musicalidade, a performance e a ambição, o estilo e a encenação.

Esta não é a história de uma vida. É a história de um sótão.