• Formação de professores primários e identidade nacional

Após a independência de Moçambique (1975), trabalhei durante cinco anos no Ministério da Educação e Cultura, como responsável pela formação inicial e em exercício dos professores do ensino primário. Em 1979, fui diretor provincial de Educação e Cultura de Maputo (província que englobava a capital do país), durante cinco anos. Nesse período, intensificou-se a guerra em Moçambique: primeiro mediante a agressão do regime racista da Rodésia do Sul e, depois, por meio de ações armadas do regime sul-africano do apartheid. Num contexto de guerra, aprofundou a realidade do meu país e realizei visitas de trabalho a alguns países estrangeiros na África e na Europa. Posteriormente, voltei a trabalhar no Ministério da Educação, dirigindo a Direção Nacional de Formação de Quadros da Educação durante cinco anos[1]. Em decorrência dessa trajetória, tornou-se premente a problemática da formação e do papel dos professores primários como impulsionadores fundamentais da construção da identidade nacional. A formação que tratarei neste livro é a formação inicial de professores realizada nos centros de formação professores primários nos primeiros 10 anos de independência de Moçambique (1975-1984). É essa vertente que desempenhará significativo relevo nos ajustes que o partido e o Estado moçambicano vão procurar realizar no sentido de, em face da diversidade cultural, dinamizar a construção da moçambicanidade. Neste livro, o leitor encontrará a filosofia que orientou o programa do Estado moçambicano tanto em nível de políticas globais de educação como em nível do currículo. Para além de uma ampla análise bibliográfica, foram estudados exaustivamente inúmeros documentos oficiais e documentos de tipo técnico, entre outros. Foi realizado um levantamento do maior número possível de livros e artigos em língua inglesa, francesa, espanhola e portuguesa, nas bibliotecas de universidades moçambicanas, brasileiras e portuguesas. Trabalharam-se as dimensões históricas, políticas, econômicas e sociais, no sentido de verificar como elas interagiram com o sistema educativo.

[1] No total de 15 anos em que trabalhei no Ministério da Educação, a ministra de Educação foi Graça Machel, esposa do 1º presidente da República, Samora Machel, que viria a ser assinado pelo regime do apartheid em 1986. Em 1998, Graça Machel casou-se com o líder sul-africano Nelson Mandela.

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Autor José de Sousa Miguel Lopes
Editora APPRIS
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 337
Ano de edição 2021
Número de edição 1

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