O pós-humano oferece tanto uma introdução quanto uma contribuição significativa aos debates contemporâneos sobre o pós-humano. A “segunda vida” digital, os alimentos geneticamente modificados, as próteses avançadas, a robótica e as tecnologias reprodutivas são aspectos familiares de nossas sociedades globalmente conectadas e mediadas pela tecnologia. Isso tem borrado a distinção tradicional entre o humano e seus “outros”, expondo a estrutura não-naturalista do ser humano.

O livro começa explorando até que ponto o deslocamento para um pensamento pós-humanista desestabiliza a unidade tradicional do sujeito humanista. Em vez de enxergar essa situação como uma perda da autodeterminação cognitiva e moral, Rosi Braidotti argumenta que o pós-humano nos ajuda a compreender melhor nossas identidades flexíveis e múltiplas.

Em seguida, Braidotti analisa os efeitos crescentes do pensamento pós-antropocêntrico, que não se limitam apenas a outras espécies, mas também à sustentabilidade do planeta como um todo. Como as economias de mercado contemporâneas lucram com o controle e a mercantilização de tudo o que vive, ocorre um processo de hibridização, apagando as distinções categóricas entre humanos e outras espécies, sementes, plantas, animais e bactérias. Essas transformações, impulsionadas pela globalização cultural e econômica, possibilitam uma crítica ao antropocentrismo, mas até que ponto elas são indicadores confiáveis de um futuro sustentável?

O Pós-Humano conclui refletindo sobre as implicações dessas mudanças para a prática institucional das humanidades. Braidotti delineia novas formas de neo-humanismo cosmopolita, que emergem a partir dos estudos pós-coloniais e raciais, da análise de gênero e do ambientalismo. O desafio da condição pós-humana consiste em aproveitar as oportunidades para a construção de novos laços sociais e comunidades, ao mesmo tempo em que se busca a sustentabilidade e o empoderamento.