O que é a pessoa humana e qual o seu lugar no Universo/no Ser em seu todo? Encontrar uma resposta a esta pergunta não é fácil. Qual característica distingue o ser humano dos outros seres? A inteligência? O DNA? A linguagem? O corpo? Todos esses elementos juntos? Descartes sintetizou a resposta à pergunta inicial em três hipóteses: (1)?ou a pessoa é uma coisa pensante, ou (2)?uma coisa vivente (animal), ou (3)?um corpo. O pai da filosofia moderna opta pela primeira opção e inaugura seu famoso e trágico dualismo de substâncias: a pessoa seria idêntica à res cogitans controlando uma res extensa, como um homúnculo dentro de uma máquina. Nesse quadro teórico, tornou-se difícil explicar a interação causal entre corpo e mente: se as duas substâncias são completamente diferentes, como pode haver uma interação entre elas? Para resolver o problema da interação, as filosofias moderna e contemporânea enveredaram pelo caminho dos monismos, até desenvolver as teorias fisicalistas reducionistas e não reducionistas. Na verdade, a maioria das teorias atuais opta por um fisicalismo não reducionista, trazendo consigo uma série de incoerências. O intuito deste livro é apresentar uma teoria nova, capaz de resolver os paradoxos do dualismo moderno e os sérios problemas de incoerência das teorias monistas materialistas que reinam no atual contexto. A nova teoria chamada de holístico-configuracional constitui uma subteoria da filosofia estrutural sistemática (FES), iniciada pelo prof. Lorenz Bruno Puntel a partir de seu livro Estrutura e ser: um quadro referencial teórico para uma filosofia sistemática (Unisinos, 2008).