A problemática de Deus volta a ocupar o pensamento filosófico. Ante a pretensa superação de qualquer metafísica, a fenomenologia se apresenta para muitos como via alternativa de acesso a Ele, especialmente na linha da chamada “virada teológica” da fenomenologia francesa, que tem em Jean-Luc Marion seu maior expoente. Sintetizando a crítica desenvolvida na obra Ser e Deus, Puntel demonstra o caráter incoerente e contraditório da tese fundamental do pensador francês intitulada “Deus sem o Ser”. Identifica no enfoque fenomenológico de Marion a raiz dos problemas que afetam seu pensamento. Falta-lhe uma compreensão abrangente de Ser que supere o esquema sujeito/objeto. Ao pretender invertê-lo, ele o mantém, priorizando o polo do fenômeno como pura doação. A inanidade de tais propostas é revelada à luz da nova concepção de metafísica do autor em sua obra básica Estrutura e Ser. As advertências de Puntel são deveras oportunas ante a atração que Marion, com sua retórica brilhante, começa a exercer em nosso meio.