Esses doze ensaios agora trazidos ao leitor brasileiro, ensina a Introdução, trazem a marca da refinada e rigorosa verve ensaística de Ortega y Gasset. O autor é o ponto alto da produção filosófica espanhola contemporânea, mas se assume meramente um homem espanhol ao qual convém que a inteligência deixe de ser uma questão pública e volte a ser um exercício privado em que pessoas espontaneamente afins se ocupam. Segundo uma crítica no interior do livro de Galàn, a visada do eu percorre as diversas paisagens espanholas em busca da sua essencialidade. Seu olhar, fertilizado por clareza e elegância, toma por objeto o passado cultural, social e político incrustado na alma espanhola, formando um leque que vai das obras-primas de Lope de Vega, Velázquez ou Quevedo ao legado sedimentado sob o franquismo. Muitos deles publicados em jornais, são ensaios que se filiam ao ilustre legado de Montaigne, pois se inserem na fronteira de onde pode se divisar por um dos lados, o formalismo proveniente do aspecto racionador do estudo, da análise, do objeto reportado no texto. E, do outro - pela acomodação linguística, ou seja, pela utilização e organização das palavras nesse texto, pelo adorno estético que empreende - um gestar de imagens e comparações incomuns, porém consistentes, para o tipo de análise que o pensamento filosófico busca sempre abarcar. O ponto limiar sustenta, à base de uma peculiar gravitação, todo o esforço e magnetismo proveniente dessa escrita orteguiana que então podemos chamar de ensaio. Soma-se ao cuidadoso conjunto de notas postas pelo autor as outras tantas iluminadas trazidas pela tradução, a nos socorrer sempre que necessário. Por fim, merece destaque o comedimento da trama de metáforas despidas na complexidade de abstrações bem-pensantes, como quando trata do mais filosofante cenário conceitual que há, o hegeliano, ao explicitar limites e momentos de verdade da leitura da América como a pré-história do pensamento, de modo a um só tempo rigoroso e simples, mas sem banalização. Tal comedimento orienta uma acurada prosa a comentar ora um quadro de Ticiano, ora o estatuto da língua francesa na formação do homem clássico, ou ainda quando, no último ensaio aqui reunido, ante o roubo da Mona Lisa do acervo de Louvre, traz a tese da qual saiu o nome do livro, a de que DEUS PÔS A BELEZA NO MUNDO PARA QUE FOSSE ROUBADA, ponto de partida para tratar do belo na obra de Leonardo. Boa Leitura! (Gilberto Tedeia, Professor de Filosofia da UnB)
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Autor |
Ricardo |
Editora |
EDITORA UNB |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
138 |
Ano de edição |
2014 |
Número de edição |
1 |