A telessaúde, que se refere ao escopo mais amplo de serviços de saúde remotos, foi introduzido na
década de 1960 e ganhou mais popularidade na década de 1990, com a melhora da tecnologia e diminuição
dos custos. Inicialmente idealizado para cuidados aos pacientes em locais remotos, onde normalmente
as pessoas não possuem acesso a sistemas de saúde,¹ atualmente tem um escopo clínico mais
generalizado, provendo cuidados mais convenientes, seguros, eficientes e com bom custo-benefício.²
A telemedicina tem um papel muito importante no sistema de saúde atual, e seus benefícios tornaram-
se mais evidentes durante a pandemia de SARS-CoV-2, em razão das medidas de isolamento social.³
Com a pandemia da Covid-19, muitos atendimentos presenciais foram suspensos, afetando centenas de
pacientes. Dessa forma, a pandemia do SARS-CoV-2 forçou diversos países a buscarem estratégias para
readaptar seus sistemas de saúde e uma delas foi a expansão da telemedicina.4 Nesse contexto, as avaliações
médicas virtuais oferecem diversos benefícios para pacientes e provedores de saúde.5
As vantagens do exame físico por telemedicina são, além da ausência de risco de transmissão de
doenças infectocontagiosas, a diminuição da concentração de pessoas no ambulatório (tanto profissionais
de saúde quanto pacientes e acompanhantes), redução de tempo e despesas com transporte
por parte dos pacientes, e, em alguns casos, até a maior segurança da equipe de saúde.
As avaliações do sistema musculoesquelético, no entanto, apresentam desafios únicos porque o
diagnóstico depende significativamente de um exame físico, algo que não é facilmente realizado por
meios virtuais.6,7 Portanto, uma preocupação atual com a telemedicina é a capacidade de realizar exame
físico eficaz, que é a pedra angular da avaliação clínica ortopédica.8 Tendo em vista o desconhecimento
médico anatômico e patológico por parte do paciente, devemos lançar mão de estratégias para
extrair a maior quantidade de informações possíveis oriundas do exame físico com a maior precisão
possível. Para isso, devemos tomar cuidados e seguir protocolos para sistematizar o atendimento.5
A teleconsulta pode ser feita por qualquer telefone, entretanto, há necessidade de câmera para
o contato visual, adequada recepção de dados e agilidade com a tecnologia. Deve-se realizar teste
de áudio e vídeo antes do início da teleconsulta, para que não haja nenhuma interrupção durante a
realização do exame físico. Os pacientes devem ser instruídos a se conectar a um site de teste para
confirmar suas configurações de câmera e microfone antes do encontro virtual. Orientações sobre o
posicionamento adequado da câmera, a localização e iluminação, e as roupas para permitir visibilidade
e exame adequados da parte do corpo afetada pode ajudar a se preparar para a visita.
Há necessidade de consentimento do atendimento virtual. A inclusão nas teleconsultas de vídeos
para facilitar e demonstrar o exame físico para os pacientes pode ser um facilitador na hora da consulta.
Muitos desses testes são embasados em manobras realizadas na consulta presencial, mas foram
modificados para permitir a realização do teste pelo paciente.
Antes de iniciar o exame físico, minuciosa avaliação da história do paciente (anamnese) deve ser
realizada para avaliar aspectos importantes, como idade, início dos sintomas, ocorrência ou não de
traumatismo (cuja ausência prediz doença degenerativa) e sua participação em esportes e/ou outras
atividades.9 É recomendada uma padronização da anamnese e exame físico para aumentar a eficácia
do atendimento e evitar a omissão de algum sinal ou sintoma. Solicite ao paciente que aponte com
um dedo a área de dor visando uma melhor identificação dos sintomas.5 Sempre que possível, ensine
o paciente como ele deve realizar o exame físico por meio de um vídeo explicativo. Caso não haja
nenhum vídeo, demonstre como deve ser feito o exame, realizando em você para que ele reproduza.
Certifique-se de que o paciente está em um ambiente adequado para a realização da teleconsulta.
O cômodo apropriado deve permitir uma avaliação do arco de movimento de todas as articulações,
assim como a marcha, e ser possível a mudança de posição do paciente tanto em pé como sentado ou
deitado. O lugar deve ser calmo, com boa iluminação e sem barulho. Se possível, um acompanhante
deve participar da consulta para auxiliar caso haja necessidade de ajustar o vídeo durante as diferentes
posições do exame físico.5
Uma instalação médica deve estar disponível para que quaisquer pacientes considerados apropriados
sejam revisados por um ortopedista, diretamente ou pela revisão das anotações do caso e da imagem.