A busca de uma aproximação com o Japão contemporâneo implica tratar de segredos, rastros e multiplicidades. Muitas tentativas históricas de aproximação acabaram adotando uma postura de porta-voz, ou seja, daquele que, mesmo observando de fora, considerasse competente para falar sobre o outro, preenchendo lacunas e segredos. Este tipo de atitude foi bastante frequente no que diz respeito às relações entre Ocidente e Oriente. Após a Segunda Guerra Mundial, vários intelectuais orientais construíram pensamentos críticos para discutir o valor do saber local. Este livro reúne entrevistas e ensaios sobre a cultura e a sociedade japonesa a partir das seguintes proposições: uma filosofia sem base, que norteia o pensamento de Uno Kuniichi sobre o Japão e alguns filósofos e artistas ocidentais; um mundo em fluxo, postulado de Kuriyama Shigehisa a partir do reconhecimento de circuitos (ora visíveis, ora invisíveis) que conectam seres humanos, artefatos, alimentos, dinheiro e o universo; uma história de excessos, analisada por Igarashi Yoshikuni, que elabora cruzamentos entre narrativas diversas, da memória individual às xperiências coletivas; e, finalmente, uma cultura em rede, expressão que Mauro Neves põe em cena para pensar os novos circuitos da produção cultural na Ásia.