O processo de redemocratização brasileira, a promulgação da LDB 9394/96, e a definição das políticas públicas em prol da universalização do ensino das últimas décadas vêm redefinindo o papel da escola pública brasileira, da Educação Básica na sociedade e a forma como se organiza o trabalho docente. Nesse cenário, o Ensino Médio tem sido o grande desafio dos governos, no que tange à acessibilidade, permanência, pertinência e qualidade do ensino. Diante disso, tem-se assistido a ampliação das estratégias de controle e a culpabilização docente nas diversas redes de ensino, redistribuindo, de forma muitas vezes perversa, a responsabilidade pela oferta dos serviços públicos com qualidade. A partir desse contexto, este livro traz uma investigação sobre a construção e os efeitos das tecnologias de governo e da subjetivação docente, no contexto das reformas do setor público, com enfoque nos programas “Choque de Gestão” e “Estado para Resultados” na Rede Estadual de Educação do Estado de Minas Gerais (REEMG). A partir da adoção de uma metodologia de abordagem imanente e pluralista, através de uma multiplicação causal e com o apoio das categorias conceituais “micropolítica” e “Tecnologias de subjetivação”, buscamos compreender as diversas faces do poliedro que compõe a realidade complexa do cotidiano do trabalho docente. São analisados os impactos na carreira docente, na forma como tem se avaliado o professor, as mudanças na autonomia, os processos de culpabilização pela descentralização da gestão e também a questão do transbordamento da escola como fator impactante no trabalho. De forma clara e baseada na vivência de vários professores, o livro contribui para se pensar as formas de reorganização do trabalho docente e da escola como caminho imprescindível para a construção de políticas públicas com foco na melhoria efetiva da qualidade do processo educativo. Matéria publicada no Jornal Estado de Minas, leia!