Como ver como eu vejo? Escutar como eu escuto? Compreender o contexto que marca esta experiência? Dito de outra maneira, como interrogar as relações entre o mundo e nossa visão de mundo; desafio contemporâneo de primeira importância? As experiências da autora me levaram a conceber a observação como um meio para movimentar as percepções e os modos de pensamento, totalmente; um meio para entrar em comunicação. Um meio para interrogar as relações de poder e de saber existentes, a fim de retirar outras relações desejáveis e ainda até inconcebíveis. Tal trabalho comporta uma sensibilização de si mesmo observador, de si mesmo observado. E também da situação de observação (quem olha/escuta quem, dentro de qual finalidade, quem a decidiu, a que servem as observações efetuadas…), esse conjunto de condições que influencia tanto o que é observável quanto o que é de fato observado. A autora faz fixar e confrontar diferentes pontos de vista, redistribuindo os poderes do olhar e da palavra. Ela mostra como, a partir de fatos precisos, precisamente descritos, aparecem os desafios inesperados: status desiguais, forças históricas condicionantes, linguagens restritivas… – A nós de incliná-los. Então talvez a percepção de si mesmo e a vigilância ética permitirão o observar com compaixão, discernimento e rigor.